Em busca de significados para a ciência: Nem toda ciência foi e é para a vida

Comentaremos neste ensaio um início de um debate referente à questão da ciência entre os negacionistas e os não negacionistas, os que confiam e se fundamentam na ciência e os que dizem ser a ciência apenas uma forma conspiratória. Entre todos que alegam essas questões é preciso que se faça uma ressalva importante e significativa. De que ciência estamos falando? De uma ciência que surgiu na era moderna para cá? De uma ciência que busca melhorar a vida das pessoas? Ou de uma ciência que cultiva a destruição a morte?

Penso que todo o conhecimento gerado pela ciência moderna nos coloca num paradoxo fundamental. Criar cientificamente algo para quem e com que fim. Esta pergunta deveria estar presente em todo laboratório científico, em todos os centros de pesquisa e em todos os tipos de ciências.

Negar simplesmente a ciência para que outro tipo de saber, de conhecimento se coloque no lugar, entre em cena, qual seja um conhecimento moral, religioso ou “conspiratório” no qual aparece como verdade ditada por uma tradição de um determinado grupo social, parece ser algo muito perigoso, pouco criativo.

Ser negacionista implica em recusar a existência, ou validade de algo, histórico, ou científico, mesmo com todas as comprovações existentes. Há nesta crença um entendimento de que em tudo há uma “grande conspiração”, uma “verdade oculta” principalmente quando essas verdades lhes causam excessivos inconvenientes. Em sua maioria são pessoas conservadoras, de extrema direita. Por isso é importante negar as mudanças climáticas, o aquecimento global, o holocausto com os judeus, a esfericidade da Terra, a chegada do homem a lua, a Terra ser o centro do universo e por aí afora. Um conjunto de conveniências morais e conservadoras.

Toda forma de ciência em algum momento particular é preciso que se diga que ao longo da história ocorreram momentos críticos, ou seja, momentos em que a ciência foi utilizada pelo poder econômico e ou político para destruir a vida natural e humana. Por exemplo, de utilizar a ciência para fins bélicos em construção de armas de fogo, nucleares, químicas, bacteriológicas e outros fins bélicos. A ciência que introduziu os agrotóxicos, a química na agricultura, a questão dos transgênicos, modificação genética de e benefícios a saúde humana discutíveis e, para manutenção das condições harmônicas da natureza, assim como o conjunto determinante destes ingredientes químicos comprometendo a fauna, a flora, as nascentes, as águas dos rios.

Há um conjunto de vários aspectos entre ciência tecnologia modernas que criaram mecanismos impactantes e excludentes de seres humanos em relação a outros seres humanos, e a isto, a história recente esta repleta de exemplos. Diante disso é necessário que se caracterize de que ciência estamos falando? A meu ver a ciência vinculada as ideias de poder, dominação e destruição foram e são problemáticas e, por outro lado as ciências criadas para melhorar as condições de vida das pessoas e de nossa relação com a natureza, digo de tecnologias alternativas sustentáveis que ao longo do tempo melhoraram nossa vida com qualidade no planeta. Estas invenções, vacinas, remédios, tratamentos em geral, são criações modernas possibilitaram condições de prolongar a vida de maneira geral com saúde, qualidade que ao longo das décadas e séculos facilitaram as formas de comunicação e sociabilidade.

Também lembro as tecnologias, produtos científicos, que encurtaram as distâncias, como os automóveis, aviões, os meios de transportes e de cargas que, se por um lado, facilitaram o acesso as pessoas para o seu deslocamento (trabalho, lazer) também servem para estimular um debate sobre a origem, avanço e o domínio de um determinado tipo de ciência emancipatória na qual defendemos. Ou seja, de uma ciência que contribua com as melhorias de vida para todos, com preservação e com as facilidades e belezas que existem nesta alta modernidade que vivemos. Este é apenas o inicio deste debate!

Paulo Bassani é Sociólogo, Professor Universitário convidado pela FANORPI.

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