Mistério infame
Resumo
Grandes craques do passado e do presente têm sido responsáveis pelo respeito que é votado ao Brasil, como o país do futebol, ainda que outros também tenham crescido. Curiosamente, em certas profissões, tem havido segregação só explicável pelo ranço ainda existente na discriminação socioeconômica de uma classe, no injustificável e injustificado preconceito contra os negros Não temos noticias, entre eles, de número razoável de escultores, pintores ou cirurgiões plásticos e, principalmente, de grandes ex-jogadores, na condição de técnicos de futebol. Dos 114 técnicos negros listados pelo Google, apenas quatro são brasileiros. Ironia maior: os próprios negros, nas seleções africanas, contrataram técnicos brancos, dando exemplo falacioso ao mundo de que seus treinadores são de baixa qualidade. Entre outras justificativas estaria a concepção atávica de que, alijados do poder, nasceram para obedecer, não para mandar. Ao justificar a rejeição, a cartolagem raciocina: rejeitar é errar menos. Na contratação equivocada de um branco, a culpa é dividida; na de um negro, duplicada: pela contratação e pelo erro. O problema não chega a torcedores desatentos. E assim, cada vez mais se acentua o cinismo da frase: “No Brasil não há preconceito, porque os negros conhecem o seu lugar.”